domingo, 29 de maio de 2011

Encontro com Robert Shearman



Como eu já disse aqui e provavelmente em alguns outros posts desse blog, eu sou uma grande fã de uma série britânica chamada Doctor Who. Consegui assistir as 5 primeiras temporadas das novas séries sem interrupções, porém, a sexta está sendo lançada esse ano, todo sábado, o que me obriga a esperar sair o episódio, as legendas em inglês e, depois, as legendas em português. Quinta feira eu estava no Universo Who, minha fonte de episódios e informações quando vi um post dizendo que Robert Sheaman, o escritor do episódio "Dalek" estaria no Brasil para o 15º Cultura Inglesa Festival, participando do Reading With The Ears na sexta (27/05) e de um bate-papo no auditório da Livraria Cultura no sábado (28/05), às 17:30. Eu fiquei louca. Eu precisava ir. Era perfeito. O cara tinha sido roteirista (o que eu quero ser) de um episódio muito bom de minha série favorita! Na hora eu falei com minha mãe e combinamos de estar lá de qualquer jeito. Conseguimos.

O bate-papo em si foi super legal. O escritor é simplesmente brilhante! Ele contou com muita facilidade como o fato dele ser gago o tornou escritor e como acabou escrevendo o episódio "Dalek": por ficar frustrado por não conseguir falar direito, tentou ser ator de teatro e, se revelando um péssimo ator, achou que ficaria melhor escrevendo - assim poderia dar os melhores papéis para si mesmo. Em pouco tempo descobriu que não queria alguém tão ruim quanto ele no papel e começou a chamar outras pessoas para fazê-los, suas peças foram sendo encenadas, foi ficando mais conhecido, escreveu para TV... Até que um dia ligaram para ele e o convidaram para reviver os Daleks! Como era fã da série desde pequeno, ficou super excitado com a ideia e imediatamente ligou para esposa a fim de contar-lhe as boas notícias. A esposa, ao invés de partilhar sua felicidade, expressou sua opinião de que os Daleks eram um lixo. Contrariado, Shearman perguntou-lhe quais eram os motivos pelos quais ela achava que os Daleks eram um lixo e, ao escrever o roteiro, fez questão de ter respondido a todos os pontos da lista. Genial!

Depois que ele contou um pouco de sua trajetória, abriram para perguntas que, por sua vez, suscitaram mais risadas. Houve uma, porém, que acho digna de reprodução - tanto pela pergunta quanto pela resposta:

Qual conselho você daria para quem está começando a escrever Ficção Científica?
Eu acho que quando você tem uma ideia boba e começa a escrever sobre ela, você acaba pensando que ela é muito boba e desiste. As pessoas tem medo de quão selvagens seus pensamentos podem ser. Vai ter gente cruel, dizendo que sua ideia é ridícula, que aquilo é muito bobo, que você tem que deixar pra lá. Não desista. Persevere. Deixe as pessoas falarem. Não tenha medo dos seus próprios pensamentos, deixe que eles vaguem livremente. Ficção científica é exatamente isso: aquelas ideias bobas que você tem no seu quarto, só que colocadas a sério.

Umas três ou quatro perguntas e deveríamos deixar o auditório. A venda de livros (Love Songs for the Shy and Cynical) e autógrafos seriam dados no hall do Caesar Business, o hotel onde o escritor está hospedado. Mais do que o livro, eu queria a assinatura - e um desenho de um Dalek que ele havia prometido. Fomos. Um grupo de meninas se reunia em volta dele, conversando alegremente sobre Doctor Who. Eu, muda, tomada de emoção. Como disse para minha mãe, estava tão maravilhada que simplesmente esquecia de pensar. Conseguimos o livro, o autógrafo e uma foto. Fica aí pra vocês verem:


Um comentário:

  1. Laura, parabéns pelo texto. Me emocionou profundamente e, pasme, me reconheci! Escrevo minha tese de doutorado agora e sinto inúmeras vezes o medo me paralisando na hora da escrita. Depois desta leitura vou deixar que minhas ideias bobas venham para o texto. Continue escrevendo, continue...

    abraços,

    Kátia

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