terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Curtas Extraordinários!
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Ao meu irmão
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
FUVEST 2011: Prova, gabarito, experiências
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
A riqueza da Costa Rica
Dica! As estradas Costa
Ricenses são muito tortuosas e sem nenhuma sinalização. Se você não quer se
perder, alugue um GPS como nós ou faça pelo modo antigo: o
mapa.
Algumas paradas depois (uma delas para comer em um restaurantezinho na beira da estrada) e muitos "oh" de surpresa pelo tamanho das planta na estrada, finalmente chegamos ao hotel onde passaríamos uma noite: Volcano Lodge. O hotel é maravilhoso e imenso, com tratamento de luxo, mas, infelizmente é muito caro (para nós). A varanda do nosso quarto dava para o vulcão, imponente em meio à um jardim cuidadosamente cultivado de plantas gigantes. Ao anoitecer, para comemorar a vida, meu pai e irmão correram na chuva até cansar, tomaram banho, jantamos no restaurante e dormimos uma noite tranquila. O outro dia nos reservava um emocionante passeio até perto da grande ferida na terra.
24/10 - Passeio ao Volcan Arenal (manhã) e ida ao Parque Manoel Antônio
Acordamos cedo, empolgados com a expectativa de caminhar em terras vulcânicas. Todos prontos, café tomado, um transporte veio nos buscar. O guia, um estudante de Letras - inglês falou animadamente sobre aquela área, explicando que antes havia uma vila próxima pois, como a última erupção antes da instalação da vila havia sido a muito tempo e, por causa da chuva a vegetação cresce rápido, o vulcão estava coberto com mata, levando-os a crer que era uma montanha. Porém, um belo dia, o vulcão entrou em erupção, devastando toda uma área e levando à morte cerca de oitenta pessoas. Segundo ele, hoje há bem mais estudos sobre vulcões na Costa Rica. Chegou até a nos explicar como foi a formação das 2 crateras que pode-se ver hoje, expelindo gases.
Assim que entramos no parque, descemos do transporte junto com o casal de belgas que nos acompanharia e, após uma parada para mais explicações, iniciamos a trilha, ladeada pelas mesmas plantas enormes, primeiro floresta primária, depois secundária. O clima era úmido e quente, mosquitos voavam por toda parte. A caminhada era agradável, ainda mais pelo simples fato de que tudo era uma novidade e de que a companhia era legal. Quando chegamos ao topo de um monte de pedras, o mais perto do Arenal que podíamos chegar, qualquer possível incômodo foi compensado. Simplesmente maravilhoso imaginar que ali, expelindo fumaça a poucos metros de mim, erguia-se uma chaminé, uma comunicação com o centro da terra, esse núcleo tão misterioso.
Depois de um tempo admirando a mata, o vulcão e, do outro lado, o Lago Arenal, tínhamos que voltar. Trilha re-feita, despedida adequada, arrumamos nossas malas e zarpamos do hotel, decididos a comer algum tipico (o prato tipico da Costa Rica é um casado, ou seja, feijão com arroz, tortillas de milho, salada e alguma carne) na estrada. Após mais umas 4 horas de viagem e estávamos em um hotel no meio da mata, em outro lugar, completamente diferente, para uma nova aventura.
25/10 - Passeio de escuna (manhã) e ida à Terceira Praia ou Praia Pública (tarde)
Após um café miúdo, fomos atrás de algo para fazer, uma vez que o Parque Manoel Antonio, nosso alvo, está fechado todas as segundas. Como parte de muitos passeios disponíveis em uma pasta na recepção, decidimos pelo passeio de escuna, esperançosos para ver baleias (embora a temporada estivesse no seu fim há muito tempo). O passeio, que saía do porto, contornava grande parte da área pertencente ao parque, com direito à uma parada para snorkeling em um mar de fortes correntezas e visibilidade quase nula por conta das chuvas. No final, nem baleias vimos, porém foi muito bom deitar, ver a bela paisagem e simplesmente sentir o balanço do barco. O almoço, servido por ali mesmo, era bem honesto e com direito a um suculento abacaxi de sobremesa.
De tarde, atendendo às vontades de minha mãe, fomos todos à praia, mais precisamente, a terceira praia ou praia pública, uma vez que as outras duas ficam dentro do parque. Comparada às do Brasil, a praia não era lá a coisa mais bonita do mundo, mas serviu para um pouco de diversão familiar. Cansados, voltamos ao hotel e dormimos. No outro dia tínhamos um objetivo fixo: visitar o parque.
Do hotel, em Heredia, onde nos hospedamos até a entrada do Parque do Vulcão Poas foram tranquilos 40 minutos em nosso carro alugado. A entrada, como era de se esperar, era mais cara para nós, turistas. Logo nela eu pude avistar as plantas gigantes, no melhor estilo Amazônia, ou então, Jurassic Park. A trilha até o Vulcão em si era bem pequena, pois havíamos subido a maior parte de carro. Ou seja: íamos ver a cratera de cima. Emocionante, não?
O café da manhã foi tranquilo e prosseguimos viagem - que, de tempos em tempos, era recheada com o guia nos brindando com explicações sobre a história do país e sua constituição. Uma vez no barco, chegamos com relativa rapidez no hotel, onde nos dirigimos para o nosso chalé. Depois da janta, havia programada uma 'visita guiada' pelos domínios do hotel, com parada entre as plantas para exposições sobre as mesmas (devo reconhecer que essa parte foi sem graça, uma vez que aqui, no Brasil, também temos plantas tropicais. Por exemplo, uma das coisas apresentadas como 'diferencial' foi uma mangueira) e, ao fim, uma caça divertida à ranita de ojos rojos ou, rã de olhos vermelhos.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Competição
De baixo da escada, algumas meninas discutem. "Não, porque ele é meu, eu vi primeiro!" "Lógico que não, nem vem, é MEU e ponto final". Subindo os degraus, o menino ameaça "Você não vai roubar ele de mim. Duvida quanto que eu ganho ele?".
Não consigo ouvir essas coisas sem erguer uma sobrancelha. Ou duas. Ou fazer uma careta de estranhamento. Eu concordo que ele seja bonito, inteligente e legal. E está causando um frisson, sem dúvida. As meninas deliram. O garoto troca olhares. Rostos coram, pequenos shows de exibição são feitos, sobretudo na frente das amigas, as rivais. Mas rivais em que? Desde quando um ser humano pode ser classificado como prêmio? Desde quando ele pode ser disputado sem seu consentimento? Aliás, se uma delas ganhar, o que garante que o prêmio será dela?
Quero dizer, elas podem ganhar a sua competição particular, mas quem garante que as regras impostas para as vencedoras sejam as mesmas do coração do rapaz? Nada. Parando para pensar, descobri que isso é comum. Rivalizar por um ídolo, um objeto, um coração, uma amizade. Sem nem ao menos ter certeza de que o prêmio é garantido. Há uma necessidade de impôr as suas qualidades por sobre a dos outros. Uma troca de xingamentos constantes, uma superioridade fingida. Porque, depois que conquistam entre si o direito de deter o prêmio, não conseguem conquistá-lo. De nada adiantou as inúmeras demonstrações, porque no final, tudo o que sobra é a figura de alguém tentando ser o que não é. Não percam seu tempo competindo por "fora", invistam direto no objeto de desejo. Com certeza, se quiserem algo mais do que só se afirmar, vão conseguir resultados bem melhores.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Assista no domigo
sábado, 18 de setembro de 2010
Tempo de imaginação
Camisetas!
Viram só que fofuras? E o armário de vocês, como está? Vocês tem algum item super estiloso em mente pra comprar? Tão a fim de me dar uma das camisetas de presente? He, brincadeira!
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
O que ando curtindo
domingo, 5 de setembro de 2010
Meu futuro como cineasta
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
{Histórias} Dreams - Nona noite
{Histórias} Dreams - Oitava noite
{Histórias} Dreams - Sétima noite
"Não é que eu te ame... Mas você não pode me dizer que ficará comigo para sempre?"
Ela corria e ria, sem saber exatamente o porque. Foi quando olhou para trás. Ali, mal escondido nas árvores que ladeavam o caminho, estava ele. E ele ria também.
- Ei! - ela interpelou - Não adianta, eu consigo te ver!
Os dois apressaram o passo, ambos já haviam esquecido das pessoas a quem acompanhavam e mesmo das outras pessoas do parque. Como era de se esperar, em pouco tempo o garoto a alcançou, segurando-a pela cintura e girando com ela. As duas garotas que acompanhavam a menina pareciam surpresas.
- Cassie, já não tá na hora de voltar não?
Cassandra adiantou-se para acompanhar as amigas, no que foi detida por uma mão.
- Ah, me acompanha?
- Hmmm... - ela olhou para ele pensativa - Okay... Podem ir garotas, eu vou logo depois!
Ela olhou para ele e ele sorriu com ar de quem aprontaria alguma coisa. A garota esperou. Sem aviso, o garoto passou um dos braços por sobre o ombro dela, fazendo com que ela passasse o braço por sobre os ombros dele e segurando sua mão. Cassie resolveu interrogá-lo.
- Ih, o que foi isso?
- Nada, eu só torci o pé.
- Uhum.
O assunto acabou por ali e os dois começaram a andar. Depois de algum tempo alcançaram uma área coberta, como um pátio com telhado. O menino sorriu.
- Olha lá aqueles dois... O Kaká pensa que dá para namorar a cinco metros de distância? E isso nem é beijo de quem tá junto...
Ela ficou pensativa por alguns instantes, observando o casal em questão. Depois, em uma vontade repentina, levou os lábios à mão que segurava a dela e beijou-a com vontade, com paixão.
- Noooossa, isso lá é o comportamento de uma mocinha? Ainda mais com essa pressão...
- Eu sei, nós não somos namorados nem nada, mas deu vontade... De qualquer forma, - ela mordeu o próprio lábio, olhando-o nos olhos - como seria o certo?
{Histórias} Dreams - Sexta noite
"Contanto que eu ainda saiba que você está feliz com ela, eu estarei feliz também."
Seus olhos percorriam aquelas paredes brancas com visível inquietação. Ele tinha que estar ali, ele não tinha dito que estaria? Na verdade, não. Ele tinha escrito. Ela abaixou os olhos, a face em fogo apenas de pensar na perspectiva de falar com ele cara a cara. O fato era ridículo, mas estava ali: ela era capaz de falar com alguém que nunca vira como se fosse um grande amigo, mas não era capaz nem de se imaginar falando com ele. Passara as férias tediosas, alimentada com a esperança de vê-lo novamente. Era inútil, não conseguia encontrá-lo.
O sinal bateu, determinando o fim de suas buscas. A contragosto, arrastou-se até a sala de aula com o consolo de que suas amigas estariam lá.
Uma, duas, três aulas se passaram sem que ela houvesse gravado sequer uma única palavra. O gesto automático de apanhar o lanche deparou-se com o vazio. Para piorar a situação, esquecera a comida em casa. O dia recebeu-a para o recreio com um sorriso cinzento e triste. Maquinalmente ela dirigiu-se a uma varanda onde costumava ficar por poder ver as pessoas divertindo-se no pátio. Olhou para um lado e para o outro e sentou-se. Olhou de novo. Primeiro seu olhar captou a indesejável. Convenientemente apelidade de "chiclete" por suas amigas, era a namorada dele. E como ela não andava sem ele... Seu coração bateu mais rápido. Ele vinha em sua direção! E ao chegar bem perto, agachou-se, exibindo um sorriso estonteante. Sem hesitar, ela procurou seus olhos azuis, faminta. Estava pegando fogo, ams ainda assim foi capaz de congelar quando ele abriu a boca para falar-lhe.
- Aqui, você deixou cair lá atrás.
Lutando contra si mesma, ela pegou o objeto - um simples lápis - e agradeceu. Ele se foi. Sua amiga cutucou-a discretamente.
- Você não acha que o Benoît estava muito estranho, Jacky?
- Não era ele.
- Como não? Você quase deu um piripaque!
Jacky sorriu e balançou a cabeça negativamente.
- De raiva. Aquela besta quadrada tem o melhor cara do mundo e fica andando com um idiota qualquer.
- Se é assim, cadê ele?
- Hmmm... Ali!
Abrindo um enorme sorriso, ela apontou para as costas de um garoto que passara logo abaixo dela.
- Eu reconheceria esses ombros há metros de distância.
Foi quando ele virou-se, com brilho nos olhos e animação em sua voz.
- Ei Jacky, adivinha? Eu voltei a jogar!
- Ah, que ótimo!
- Sim, sim, e a gente fez até uma apresentação, quer ver?
O time de futebol da escola juntou-se a ele com algumas bolas e acrobacias de arrepiar. Alunos pararam suas atividades apenas para observar, boquiabertos. Uma chuva de palmas encerrou a apresentação. Jackie estava encantada, queria vê-lo, queria cumprimentá-lo, mas ele havia sumido de novo.
Suas amigas já haviam entrado na sala mesmo que o recreio ainda não tivesse acabado. Estava sozinha. Mas sem hesitar, Benoît sentou-se ao lado dela.
- E aí, gostou?
Pega de surpresa, Jacky não teve tempo nenhum de corar ou qualquer besteira dessas. Seu corpo automaticamente virou-se em direção a ele, ela sorriu, feliz em finalmente poder ver seus olhos.
- Uhum, foi bem legal... Me diz uma coisa, quem é o novo amiguinho que anda com a Patty?
- O que se faz passar por mim? Nah, meu consolo é que ele é gay.
- Ah... O sinal tocou...
- E quem se importa? - Ele sorriu de novo - Vem, vamos para biblioteca. É o promeiro dia de aula, quem vai sentir nossa falta?
{Histórias} Dreams - Quinta noite
Ela engoliu em seco, tentando entender onde estava com a cabeça ao pedir “desafio” naquele jogo de “verdade ou desafio”. Justo ela, que preferia encarar a verdade a expor-se ao ridículo. Mas não havia mais volta. Seu orgulho a mandava caminhar em frente de cabeça erguida, mesmo que seus olhos se umedecessem e seu corpo tremesse de ansiedade. Vencia aqueles corpos inertes, inconscientes do que se passava dentro dela com facilidade, os anos de prática a levaram a saber como se atravessar uma multidão. A escola não era muito grande, e nem os rapazes muito altos, de modo que foi fácil avistar um dos poucos altos. Até porque, ela trazia a imagem dele decorada em sua mente. Poderia reconhecê-lo mesmo em meio a uma tempestade de areia, e era aquilo que mais a angustiava.
Respirou fundo, decidindo-se como o abordaria. Tanto tempo sonhando em chamar atenção dele, escutar sua voz... E aquilo lhe parecia extremamente difícil. Decidiu chamá-lo, dizer seu nome que lhe soava como o nome de um Rei, quase uma palavra divina.
- Louis!
Ele se virou, os olhos azuis como o céu procurando os dela. Ela podia sentir sua face ardendo, e o coração batendo mais rápido do que devia. Repetiu mentalmente, mais uma vez, que não haveria volta. O tempo parou. Louis havia percebido que era ela, e andava em sua direção mansamente, como um gato. Como se não quisesse assustá-la.
- O que é? – E a voz dele era tão mansa quanto seu andar. Talvez ele achasse que ela era frágil como porcelana. E ela se sentia de fato pequena e frágil ao ser obrigada a olhar para cima a fim de ver aqueles olhos. – Você me chamou, não chamou?
O coração dela disparou. Chegara a hora, e ela tremia mais do que uma gelatina. Respirou fundo mais uma vez, projetando sua voz para fora em um fio entrecortado.
- Eu... Te amo... Casa comigo...?
Tinha vontade de correr, mas a vergonha que invadia seu corpo pregava suas pernas no chão e a obrigavam a ficar. Ele não respondia e sua face era limpa de mais para que ela fosse capaz de decifrar alguma coisa. Como se para salvá-la, o sinal se fez ouvir, exigindo que eles retornassem às suas salas. Pelo menos, o desafio estava cumprido.
~
Ela estava de fato distraída, aquele livro a consumia por completo. Era um artifício perfeito para que ela não se ruborizasse de novo, e seu coração não começasse a disparar toda vez que voltava a pensar. Fora recebida com aplausos em sua sala, mas não sabia qual era a impressão que tinha deixado. E então uma mão comprida tirou o livro de suas mãos, e ela sentiu o calor de um corpo humano próximo do seu. Não tinha coragem para olhá-lo, mas mesmo assim sua teimosia o fez. Era ele, Louis. Ele levou um dos dedos aos lábios dela, indicando silêncio. Seu olhar era penetrante, e ela poderia cair para trás caso já não houvesse uma parede atrás de si. Sentiu sua respiração ficar cada vez mais difícil – seria possível que ela não seria capaz de se comportar com ele por perto?
- O seu pedido... Eu aceito... Com uma condição. Seja minha esposa... Eternamente.
{Histórias} Dreams - Quarta noite
"Se você fosse capaz de ler meus pensamentos, nunca mais ficaria tão longe de mim.”
Seus olhos passavam e voltavam a passar cada rosto, cada corpo, cada pessoa que andava para além das lentes de seus óculos. Ela já podia sentir os olhos se molhando, as mãos apertavam freneticamente um saquinho de amendoim quente que havia comprado há pouco tempo. Suas faces coraram, seu pé batia descompassadamente no chão, estava visivelmente nervosa. “Será que ele vai demorar?” Voltou a repassar os rostos. Ela tinha a impressão de que as camisetas pretas saltavam à sua vista, como se todos ali tivessem combinado de vestir-se com aquela cor apenas para confundir-lhe. Balançou a cabeça negativamente, ao mesmo tempo espantando aquela idéia e tentando conter algumas lágrimas. “Acalme-se, acalme-se. Você acha isso só porque é uma camiseta preta que você está procurando. A resposta está em seu cérebro.”
Conformando-se, voltou a sentar no banco de cimento que estava logo atrás de si. Foi quando, ajeitando-se no lugar, seus olhos captaram algo. Uma pessoa, que ela tanto procurava. O mundo pareceu parar. A única coisa que se movia, devagar, em sua direção era aquele rapaz. Ele vestia uma calça jeans com tingimento escuro, uma camisa preta em que os dois primeiros botões encontravam-se abertos e a gola levantada e, nos pés, tênis comuns. Andava devagar, os olhos negros em uma constante procura. Quase frustrado, levou sua mão aos cabelos bagunçados quando finalmente a viu. A garota, sentada no banco.
Ainda enlevada por tê-lo finalmente encontrado, ela sorriu, no que foi seguida pelo rapaz que andou mais depressa a fim de alcançá-la. Ele apontou o saquinho de amendoim que ela carregava, logo proferindo algumas palavras em um tom baixo e levemente rouco, inebriante.
- É amendoim?
- Uhum. – Ela assentiu com a cabeça, estendendo-lhe o pacote. – Quer?
O garoto limitou-se a rir, pegando um pouco do amendoim. Aos poucos ambos iam se descontraindo, rindo, e andando por entre as barracas daquela feira começavam a conversar como se de fato se conhecessem há tempos. O tempo passava rápido para os dois amigos, que se divertiam apenas por estarem em companhia um do outro.
- Hey, Linda, você pode me esperar aqui?
- Claro, mas aonde você vai, Ed?
- Hmm, ao banheiro, eu acho que você não vai gostar de vir junto.
Ela riu um pouco e assentiu com a cabeça. De fato, não seria uma boa idéia. Mas assim que ele se afastou a insegurança tomou conta de seu corpo, fazendo com que ela balançasse a cabeça negativamente algumas vezes. “Calma, calma. Não há nada que possa acontecer agora.” Mas estava errada. Surgindo de uma de trás de uma das barracas da praça, Timmy foi aproximando-se como um abutre circundado sua presa. Junto a ele, Johnny e Sebastian, dois garotos que tinham tanto músculo quanto não tinham cérebro. Timmy era dois anos mais velho do que Linda, e insistia em dizer que a amava. Ela duvidava muito daquilo, afinal de contas, não era muito possível que o cara que dizia que a amava a infernizasse sempre, todos os dias. E mesmo ali, ele conseguira encontrá-la. A garota ergueu as sobrancelhas, tentando entender o que exatamente o garoto queria. Logo obteve a resposta. Sem o menor escrúpulo ele agarrou seus pulsos, aproximando seu rosto do dela.
- Quem era ele?
- Eu não te devo explicações, Timmy. – Apesar de sua situação, ela era bem capaz de ser incisiva.
- Me diga, quem é ele?! Vocês têm algo?!
- Nós não temos nada. – E a voz escapou-lhe por entre os lábios em forma de um sussurro. – Ainda.
Para cobrir o alvo rosto de Linda com um enorme rubor, Edward acudiu ao grupo exatamente quando ela pronunciara aquela palavra. Mas, aparentemente, ele não ouvira. Estava ocupado de mais distribuindo socos entre os três garotos, e apanhando também. Porém, Ed tinha a técnica que Timmy, Johnny e Sebastian simplesmente não tinha, o que fez com que os três fugissem em uma corrida frenética. Sentiam-se derrotados. A garota de olhos claros procurou os olhos de seu amigo, encontrando rodelas roxas envolta deles. Com urgência verificou uma porção de cortes em sua pele. Um instinto protetor invadiu-lhe o peito, fazendo-a improvisar alguns curativos. No momento em que seu instinto se foi e o menino notou o que fizera, suas bochechas coraram-se de vermelho vívido.
- N-não precisa me ajudar, não foi nada, Linda.
- Foi, com certeza. Você me salvou. – Revirou os olhos – Nem Deus sabe o que ele seria capaz de fazer...
Sua voz tornou-se reticente e ela notou o olhar de seu acompanhante sobre o seu. Pegou-se pensando como seria tocar naqueles lábios, ter aquele garoto só para si. Tentou balançar a cabeça a fim de espantar aqueles pensamentos, mas foi incapaz de fazê-lo. Estava imobilizada pelo desejo, pela curiosidade. Edward também não se movia, parecia coberto da mesma aura hipnótica. Seus lábios moveram-se, emitindo palavras quase inaudíveis.
- Eu... Quero você para sempre...
Mas seus lábios não foram capazes de dizer mais nada. Envolvidos em um cálido beijo, sentiam-se mais confortáveis ali no meio da multidão do que se sentiriam em uma ilha deserta. Já não importava mais o mundo, a opinião alheia, muito menos Timmy. Ela o queria ali, naquele momento. Mesmo que ela soubesse que ele não seria eternamente seu, mesmo que o coração dele algum dia se prendesse à outra pessoa, aquele beijo, aquele único beijo era um novo começo. Um novo começo para seu novo coração.
{Histórias} Dreams - Terceira noite
Querido mano Marth,
Já estamos começando a segunda semana de filmagem nessa cidade-cenário e tudo vai bem. O programado é que passemos três meses aqui, portanto, aproveite enquanto há a chance de me escrever de volta. “Por que escrever uma carta?”, você pergunta. Minha resposta é simples: porque nesse fim de mundo não há sinal algum, nem de telefone, nem de internet, nem de televisão, nem mesmo sinal de vida. E, aliás, é até um milagre que haja correio por aqui. Mesmo se não houvesse, eu seria obrigada a mandar-te algo por urubu-correio – é, até pombos estão em extinção aqui -, caso contrário, eu enlouqueceria. Já me basta a incrível qualidade dos alimentos, e a “maciez” da cama, se eu tivesse que aturar a falta de comunicação, seria meu fim.
De qualquer modo, mande-me notícias tuas. Como vai aquela tua padaria, especializada nas nossas tortas de massa? Vendendo bem? Aposto que sim, afinal, com a propaganda que tem... Siga meu raciocínio: se até o Obama come torta de massa, quem não vai querer? Ah, não. Eu já expus esse raciocínio antes. De qualquer forma, estou com uma preguiça tremenda de passar a carta a limpo em uma nova folha, uma vez que já é noite e o dia foi extremamente exaustivo. Sem contar que eu mal durmo, minha mente viaja entre mil coisas. Não se esqueça de me perdoar pelas inúmeras repetições de termo, nem para isso eu consigo pensar mais.
Ah, antes que eu me esqueça! Peça pro Bart gravar, não, escrever algumas palavras para mim. Algumas que de preferência, tenham a nossa palavra especial no final (Pergunte a ele qual é, eu não vou me comprometer). Eu ando muito nervosa sem motivos, e apenas ele pode me acalmar.
Com amor, Kate.
{Histórias} Dreams - Segunda noite
O vento fresco fazia farfalhar as folhas das verdejantes árvores, que sem embargos deixavam seus pequenos filhos caírem por sobre a rua de terra. O clima era descontraído e, para além das casas, quase todas feitas de madeira, viam-se campos com suas recém nascidas plantas que pareciam espreguiçar-se para fora de seu leito quente, dando bom-dia a uma vida nova. Protegidos sob a sombra das árvores, algumas crianças divertiam-se correndo atrás de uma bola de meias que já estava encardida pelo uso. Um pouco longe dali, um garoto e uma garota despontavam andando lado a lado em passos sincronizados. Eles conversavam, riam, eram a típica imagem dos melhores amigos. Aos poucos se aproximavam daqueles que brincavam, sem cessar a infinidade de risadas que os cercavam com uma alegria quase contagiante.
Destacando-se do grupo de jogadores, o mais novo de todos eles, um garotinho de olhos castanhos que carregava toda a inocência da idade dirigiu-se a passos hesitantes até a garota que se aproximava, puxando levemente a barra do vestido azul da mesma. A jovem olhou aquela pequena criança com um visível interesse em seus dois olhos cor de mel. Abrindo um sorriso quase materno em seus lábios róseos, deixou que sua voz acolhedora escapasse de sua boca.
- Sim, pois não?
- Moça, eu... Queria saber... Vocês por acaso não são... – e a palavra travava-lhe na garganta, lutando para sair. – Namorados?
A garota primeiro espantou-se, para depois olhar para seu companheiro e então finalmente devolver o olhar ao curioso, os olhos já prevendo a maré de risos que se lhe escaparia da boca. – Não, não... O que te fez pensar isso?
- É que... Vocês estão tão juntos... E mamãe e papai disseram que quando duas pessoas estão juntinhas assim... Elas estão namorando.
Frente a essa informação, os dois amigos começaram a rir em alto e bom som. O pobre garoto ficou perplexo, sem entender o que havia feito de errado, afinal, os dois “namorados” haviam começado a correr sem mais explicações, deixando-o sozinho. Eles correram, correram, correram até alcançar a colina verdejante no final da rua. Vencidos pelo som das próprias risadas, ambos deixaram-se cair no chão, um ao lado do outro. O rapaz virou-se para a garota.
- Hahahah, hahahah, você sabe que você não faz o meu tipo, né?
- Hahahahah – ela acompanhou-lhe no riso – Hahahahah, nem você faz o meu!
Ambos calaram-se, pensando em suas próprias afirmações. Elas pareciam aterradoras, colocadas daquele modo. Pareciam extremamente supérfluas, pareciam falsas. E, assustados com si mesmos, eles aproximaram-se, queriam apoio um no outro. Encontrando o calor de seus corpos, passaram a querer mais e mais. E de pouco em pouco, quiseram e encontraram a boca um do outro, beijando-se como se aquele fosse o último dia de suas vidas, beijando-se com fervor a fim de compensar a enorme imprudência que haviam deixado escapar de seus lábios. Beijaram-se como algo a mais que namorados, beijaram-se como os verdadeiros amigos que eram.
{Histórias} Dreams - Primeira noite
“Estenda tua mão, princesa. E meu Reino será teu.”
“Tudo bem, repassando. Número um: meu pai acha que eu sou idiota. Número dois: ele acha que consegue mudar isso. E número três: vou ser obrigada a enfrentar aulas de valsa aqui, no próprio salão do castelo. Claro que ele não podia esquecer-se de fazer a inclusãozinha social dele e convidar também os criados e serventes. O único detalhe que atrapalha um pouco é, além deles, a nobreza será representada por... Eu, eu mesma e mim mesma.”
A garota suspirou, dirigindo um olhar entediado aos presentes. Uma velha empertigada em seu espartilho que serviria como professora, alguns garotos e garotas nos trajes mais simples possíveis e também alguns pais curiosos que ousavam colocar os pés no salão nobre do castelo. A tutora pigarreou, dirigindo-se ao meio do salão e batendo palmas algumas vezes na tentativa de chamar atenção.
- Quero todos fazendo uma fila, meninas de um lado e meninos do outro.
“Uau, idéia genial, madame.” Chutando a barra de seu longo vestido azul-celeste, lá se foi a pequena princesa, colocando-se atrás de todas as outras meninas, que haviam conseguido seus lugares através de uma correria desenfreada e desorganizada. Quase com resignação, ela arrumou o tecido de cetim em seu próprio corpo, as mãos delicadas trabalhando com rapidez. O tempo parecia passar depressa enquanto ela executava sem dificuldades toda sorte de exercícios pedidos. Foi então que a professora adiantou-se mais uma vez até o meio do salão, batendo palmas novamente, o que fez com que todos aqueles espalhados pelo ambiente se calassem, olhando-a atentamente.
- Agora, rápido, cada um com seu par. – a senhora respirou, espantada, vendo que quase todos já tinham um companheiro – Alice, você ainda está sozinha? Alguém vá lá com ela.
Alice, a princesa, enrolando uma das mechas dos seus cabelos cor de mel no seu dedo indicador, mais uma vez perscrutou com o olhar todo o local. Para ela, todos eram feios, chatos, ou qualquer coisa que fizesse com que não fossem os parceiros ideais para seu bailado. Porém, parecendo obedecer à ordem da tutora, um rapaz um pouco mais bem apresentável que os outros se destacou de seu grupo, dirigindo-se a passos firmes até ela, que por sua vez, prendeu a respiração. “Será que...” E a frustração tomou conta de seu corpo, vendo que o garoto desviava de sua rota, pegando pela mão a menina que se encontrava bem ao seu lado. Soltou o ar devagar, munindo-se de paciência. Uma coisa era certa: estava sem par. E sendo assim, deveria recolher-se ao canto da sala.
Optou para aproximar-se do piano onde, para sua surpresa, um amigo de brincadeiras estava sentado. Seu nome era Henry e seu olhar era gaiato, e sua voz sapeca ao se dirigir à Alice.
- Hey, hey... Está sem par?
- Hunf... É o que parece, não?
- Bom, eu, por acaso, estou livre agora, então...
- Tudo bem, tudo bem, quer ser meu par?
Vitorioso, o menino estufou o peito, segurando as mãos de Alice com uma voracidade sem tamanho. Seus olhos denunciavam o que não demorou muito para acontecer. Repetidas e repetidas vezes suas mãos deslizavam de onde deveriam originalmente estar para lugares muito menos decentes. A pequena irritava-se cada vez mais, recorrendo a beliscões e chutes que pareciam não surtir efeito, de mesmo modo que ninguém no local parecia notar a estranha briga. Seus olhos e seu rosto ardiam em chamas, divididos entre a vontade de ser respeitada e a moral que seria cabível manter. E como para tirar-lhe as dúvidas, duas mãos ágeis e respeitosas tiravam-na das mãos profanas de modo tão rápido que ela até ficava sem fôlego. Para reanimar-lhe, o cheiro suave de seu salvador penetrava-lhe as narinas, fazendo com que seus olhos castanhos piscassem algumas vezes antes de finalmente poderem observar, encantada, o rapaz seu salvador enquanto ele pronunciava calmamente algumas palavras ao outro.
- Desculpe pequeno, mas agora ela é meu par.
- Q-q-quem é você? – as palavras custavam-lhe a sair da boca, ainda acostumava-se com a radical mudança. Era mais do que óbvio de que aquele bem apessoado rapaz era de origem nobre, diferente de todos os outros ali.
- Sou teu cavalheiro, princesa. Mas pode me chamar de Henry.
- Ah, graças. E onde está seu corcel, nobre cavalheiro? – finalmente era capaz de retrucar algo a seu modo, bem-humorado e sagaz, por mais que a semelhança de nomes entre os dois garotos a perturbasse.
- E que importa um corcel a ti?
- Hmm, deveras perspicaz. Não me importa um corcel, o que importa é que agora tenho a ti, e que chegou a boa hora. Por acaso não és um mago ou vidente?
- Não o sou, mas se quiseres, poderei tornar-me teu vidente. – Os olhos negros sorriam como se fossem devorar a alma de Alice. O rapaz puxou a mão dela, encostando seus lábios na mesma. A princesa sorriu.
- Ora, cavalheiro, não crês que é audácia de mais?
- Princesa Alice... – E então ambos foram tomados de algo maior que a convenção, que a etiqueta social, algo maior que eles mesmos. Levado por aquele sentimento, Henry seguiu com seus lábios toda a trilha rósea que o levava até os lábios da moça, onde sem resistência, este encontrou um recanto onde repousar com suavidade. Todos estavam espantados, mas para o casal que girava no centro do salão, todos eram nada, eram apenas uma mera coincidência dentre tantas que as levaram a ficar juntos, daquela forma, destinados a serem eternamente Rei e Rainha.