quarta-feira, 1 de setembro de 2010

{Histórias} Dreams - Quinta noite

“Eu queria tanto... Que você fosse capaz de largar esse seu mundo para ser só meu...”


Ela engoliu em seco, tentando entender onde estava com a cabeça ao pedir “desafio” naquele jogo de “verdade ou desafio”. Justo ela, que preferia encarar a verdade a expor-se ao ridículo. Mas não havia mais volta. Seu orgulho a mandava caminhar em frente de cabeça erguida, mesmo que seus olhos se umedecessem e seu corpo tremesse de ansiedade. Vencia aqueles corpos inertes, inconscientes do que se passava dentro dela com facilidade, os anos de prática a levaram a saber como se atravessar uma multidão. A escola não era muito grande, e nem os rapazes muito altos, de modo que foi fácil avistar um dos poucos altos. Até porque, ela trazia a imagem dele decorada em sua mente. Poderia reconhecê-lo mesmo em meio a uma tempestade de areia, e era aquilo que mais a angustiava.

Respirou fundo, decidindo-se como o abordaria. Tanto tempo sonhando em chamar atenção dele, escutar sua voz... E aquilo lhe parecia extremamente difícil. Decidiu chamá-lo, dizer seu nome que lhe soava como o nome de um Rei, quase uma palavra divina.

- Louis!

Ele se virou, os olhos azuis como o céu procurando os dela. Ela podia sentir sua face ardendo, e o coração batendo mais rápido do que devia. Repetiu mentalmente, mais uma vez, que não haveria volta. O tempo parou. Louis havia percebido que era ela, e andava em sua direção mansamente, como um gato. Como se não quisesse assustá-la.

- O que é? – E a voz dele era tão mansa quanto seu andar. Talvez ele achasse que ela era frágil como porcelana. E ela se sentia de fato pequena e frágil ao ser obrigada a olhar para cima a fim de ver aqueles olhos. – Você me chamou, não chamou?

O coração dela disparou. Chegara a hora, e ela tremia mais do que uma gelatina. Respirou fundo mais uma vez, projetando sua voz para fora em um fio entrecortado.

- Eu... Te amo... Casa comigo...?

Tinha vontade de correr, mas a vergonha que invadia seu corpo pregava suas pernas no chão e a obrigavam a ficar. Ele não respondia e sua face era limpa de mais para que ela fosse capaz de decifrar alguma coisa. Como se para salvá-la, o sinal se fez ouvir, exigindo que eles retornassem às suas salas. Pelo menos, o desafio estava cumprido.

~

Ela estava de fato distraída, aquele livro a consumia por completo. Era um artifício perfeito para que ela não se ruborizasse de novo, e seu coração não começasse a disparar toda vez que voltava a pensar. Fora recebida com aplausos em sua sala, mas não sabia qual era a impressão que tinha deixado. E então uma mão comprida tirou o livro de suas mãos, e ela sentiu o calor de um corpo humano próximo do seu. Não tinha coragem para olhá-lo, mas mesmo assim sua teimosia o fez. Era ele, Louis. Ele levou um dos dedos aos lábios dela, indicando silêncio. Seu olhar era penetrante, e ela poderia cair para trás caso já não houvesse uma parede atrás de si. Sentiu sua respiração ficar cada vez mais difícil – seria possível que ela não seria capaz de se comportar com ele por perto?

- O seu pedido... Eu aceito... Com uma condição. Seja minha esposa... Eternamente.

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