quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Competição

De baixo da escada, algumas meninas discutem. "Não, porque ele é meu, eu vi primeiro!" "Lógico que não, nem vem, é MEU e ponto final". Subindo os degraus, o menino ameaça "Você não vai roubar ele de mim. Duvida quanto que eu ganho ele?".

Não consigo ouvir essas coisas sem erguer uma sobrancelha. Ou duas. Ou fazer uma careta de estranhamento. Eu concordo que ele seja bonito, inteligente e legal. E está causando um frisson, sem dúvida. As meninas deliram. O garoto troca olhares. Rostos coram, pequenos shows de exibição são feitos, sobretudo na frente das amigas, as rivais. Mas rivais em que? Desde quando um ser humano pode ser classificado como prêmio? Desde quando ele pode ser disputado sem seu consentimento? Aliás, se uma delas ganhar, o que garante que o prêmio será dela?

Quero dizer, elas podem ganhar a sua competição particular, mas quem garante que as regras impostas para as vencedoras sejam as mesmas do coração do rapaz? Nada. Parando para pensar, descobri que isso é comum. Rivalizar por um ídolo, um objeto, um coração, uma amizade. Sem nem ao menos ter certeza de que o prêmio é garantido. Há uma necessidade de impôr as suas qualidades por sobre a dos outros. Uma troca de xingamentos constantes, uma superioridade fingida. Porque, depois que conquistam entre si o direito de deter o prêmio, não conseguem conquistá-lo. De nada adiantou as inúmeras demonstrações, porque no final, tudo o que sobra é a figura de alguém tentando ser o que não é. Não percam seu tempo competindo por "fora", invistam direto no objeto de desejo. Com certeza, se quiserem algo mais do que só se afirmar, vão conseguir resultados bem melhores.

Um comentário:

  1. Nossa, verdade verdadeira isso. E eh verdade, toda hora estamos competindo por algo que nem ao menos temos garantido para nos. Parabens!

    ResponderExcluir