quarta-feira, 1 de setembro de 2010

{Histórias} Dreams - Terceira noite

“Se não posso mais ouvir-te, deixe então que eu apenas lembre-me de tua voz.”

Querido mano Marth,

Já estamos começando a segunda semana de filmagem nessa cidade-cenário e tudo vai bem. O programado é que passemos três meses aqui, portanto, aproveite enquanto há a chance de me escrever de volta. “Por que escrever uma carta?”, você pergunta. Minha resposta é simples: porque nesse fim de mundo não há sinal algum, nem de telefone, nem de internet, nem de televisão, nem mesmo sinal de vida. E, aliás, é até um milagre que haja correio por aqui. Mesmo se não houvesse, eu seria obrigada a mandar-te algo por urubu-correio – é, até pombos estão em extinção aqui -, caso contrário, eu enlouqueceria. Já me basta a incrível qualidade dos alimentos, e a “maciez” da cama, se eu tivesse que aturar a falta de comunicação, seria meu fim.

De qualquer modo, mande-me notícias tuas. Como vai aquela tua padaria, especializada nas nossas tortas de massa? Vendendo bem? Aposto que sim, afinal, com a propaganda que tem... Siga meu raciocínio: se até o Obama come torta de massa, quem não vai querer? Ah, não. Eu já expus esse raciocínio antes. De qualquer forma, estou com uma preguiça tremenda de passar a carta a limpo em uma nova folha, uma vez que já é noite e o dia foi extremamente exaustivo. Sem contar que eu mal durmo, minha mente viaja entre mil coisas. Não se esqueça de me perdoar pelas inúmeras repetições de termo, nem para isso eu consigo pensar mais.

Ah, antes que eu me esqueça! Peça pro Bart gravar, não, escrever algumas palavras para mim. Algumas que de preferência, tenham a nossa palavra especial no final (Pergunte a ele qual é, eu não vou me comprometer). Eu ando muito nervosa sem motivos, e apenas ele pode me acalmar.

Com amor, Kate.

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